Lucro captado por Roterdã em parceria com Pecém deve ficar no CE
Ao celebrar a sanção da
lei que permitirá o contrato para a gestão compartilhada do terminal cearense,
holandeses afirmaram que devem aplicar no Estado os recursos que obtiverem
neste acordo comercial
Todos os lucros gerados
para o Porto de Roterdã a partir da parceria firmada para operação do Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) deverão ser utilizados para melhorias e
novos investimentos no terminal cearense. O foco é utilizar os 30% da parcela
administrada pelos holandeses para melhorar periodicamente o ambiente de
negócios e elevar os potenciais no Pecém. A intenção foi confirmada por Allard
Castelein, CEO do Porto de Roterdã, durante a cerimônia de celebração da sanção
da lei que habilita o Governo do Estado a fechar a parceria com a organização
dos países baixos.
O evento, realizado ontem
(19), no Palácio da Abolição, reuniu figuras políticas e agentes do mercado,
como o senador Eunício Oliveira (MDB), e o presidente da CIPP S/A, Danilo
Serpa. No Entanto, a assinatura do contrato de gestão compartilhada do CIPP,
que conta com o Porto do Pecém e a Zona de Processamento de Exportação do Ceará
(ZPE Ceará), deverá ficar para o próximo dia 9 de novembro.
Segundo o governador do
Estado, Camilo Santana, a solenidade deverá acontecer em Roterdã e estar aliada
a um evento de apresentação das oportunidades de investimento no Ceará para as
empresas que já estabeleceram uma relação de negócios com o porto holandês.
Camilo ainda destacou que a parceria deverá elevar o potencial de atração de
empresas estrangeiras, focado no polo industrial do CIPP. “Estamos muito otimistas.
Primeiro porque o Porto de Roterdã é o maior da Europa e um dos maiores do
mundo, e a ideia dessa parceria é viabilizar e atrair novos investimentos para
o Ceará. Estamos abrindo as portas do Estado por meio de Roterdã e tenho
certeza que iremos trabalhar com o que há de mais moderno no setor. Temos um
potencial que possibilita sermos um hub marítimo no transporte de cargas”,
disse o governador.
Aporte
O acordo de gestão
compartilhada será firmado com um investimento de R$ 323 milhões (cerca de 75
milhões de euros) por parte dos holandeses. Do montante, R$ 90 milhões serão
destinados à conclusão das obras do Porto do Pecém, como a estrutura de uma
nova ponte ligando a costa e os píeres do terminal. Os outros R$ 233 milhões
para uma conta da CIPP S/A e serão destinados para capital de investimentos e
melhorias futuras do Porto do Pecém.
O aporte garantiu ao Porto
de Roterdã o controle acionário de 30% da administração do Pecém, dando aos
holandeses uma parte do controle conjunto das decisões estratégicas, além de
uma posição na diretoria executiva do terminal cearense, uma no conselho fiscal
e outra no nível gerencial das operações.
Durante uma coletiva, o
governador Camilo Santana destacou que não haveria venda de ativos do Pecém
para o Pecém. Contudo, para destinar parte do controle do Porto à empresa
holandesa, o Estado realizou a subscrição de novas ações, repassando 30% do
controle da CIPP S/A ao Porto do Roterdã.
Após cinco anos, segundo
César Ribeiro, secretário de desenvolvimento do Estado, a depender dos
resultados gerados pelo Porto do Pecém, o Estado e o Porto de Roterdã poderão
ampliar o nível de controle dos holandeses, que poderá chegar a até 49%. A
medida, caso venha a ser tomada, manteria o Estado como acionista majoritário.
Ribeiro, entretanto,
ponderou que a parceria poderá trazer benefícios para todo o Estado, podendo
gerar emprego e renda ao atrair empresas estrangeiras ao Pecém. “Os benefícios
são muitos, até porque você traz o know-how do porto de Roterdã e a condição de
agregar uma movimentação muito maior, e isso vem com a geração de novas
oportunidades e com a chegada de novas indústrias. E ainda traremos uma
visibilidade muito grande para o Cear. Além disso, precisamos valorizar o
trabalho do governador sobre a questão fiscal, e de transparência na gestão”,
disse César.
Potencial
E é justamente incrementar
o potencial de atração de novos investimentos que o Porto de Roterdã investirá
no terminal cearense. Segundo o Allard Castelein, baseado nas experiências
adquiridas na gestão de outras parcerias, como a do Porto de Sohar, em Ohman, a
relação com o terminal holandês deverá, de fato, abrir as portas do Ceará.
Castelein ainda aproveitou
a oportunidade para elogiar a fundamentação estrutural que existe atualmente no
Porto do Pecém. Perguntado sobre o que faltava para que o terminal cearense
pudesse evoluir para ganhar mais espaço nos mercados brasileiro e
internacional, ele disse apenas que o Porto de Roterdã iria trabalhar para que
todas as peças “se encaixassem”. “A fundamentação estrutural já existe no
Pecém, mas administrar um grande porto é a soma de fatores. O que nós queremos
trazer é a combinação dessas peças”, afirmou.
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